domingo, 25 de outubro de 2009

criando... caturras

desta vez fui chatear o amigo Tiago Neves com as minhas perguntas.
porque as caturras por incrivel que pareça, são aves desconhecidas entre os nossos criadores.
o Tiago é um jovem criador que eu admiro pelo esforço e preserverança que tem tido ao especializar-se na criação de Caturras - nymphicus hollandicus.


1 - há quantos anos te dedicas a esta espécie?
Dedico-me à criação de caturras há cerca de 4 anos.
2- classificas estas aves de resistentes ou frágeis?
Classifico de resistentes, as minhas estão todo o ano em viveiros exteriores.

3 - na tua opinião, quais as principais qualidades e defeitos que a caracterizam?
As principais qualidades são sem dúvida o seu carácter pacífico e calmo, serem relativamente fáceis de criar, serem psitacídeos sociáveis tanto entre elas como com outras espécies, o facto de poderem ser criadas em colónia (número de casais nunca inferior a 3), e pouco ruidosas.Defeitos não tenho nada a apontar.

4 - que medidas de gaiolas e ninhos consideras serem razoáveis?
Eu pessoalmente crio em colónia e utilizo viveiros de 3m X 1,80m X 1m para 3 casais de caturras. Em relação aos ninhos utilizo os de 33cm X 20cm X 20cm com orifício de entrada de 7cm de diâmetro.

5 - podes-nos dizer no que consiste uma alimentação que consideres adequada para estas aves? Uma boa mistura de sementes para grandes periquitos mas com o mínimo de girassol possível. Além disso deve estar sempre disponível papa para psitacídeos durante a época de criação e também legumes e fruta várias vezes por semana. Eu dou dia sim, dia não. É também essencial que haja osso de choco e grit sempre disponível no viveiro. Eu acrescento também pedaços de carvão vegetal e rochas calcárias marinhas.
6 - achas necessário ou aconselhável possibilitar a esta espécie algumas horas de luz solar directa?
Sim, não há nada que as minhas caturras gostem mais do que apanhar longos banhos de sol, e como crio em viveiros exteriores é fácil para elas apanharem sol.

7 - utilizas luz artificial?
Não, como disse anteriormente crio em viveiros exteriores.


8 - em relação à criação, em que altura começas e terminas?
Normalmente coloco os ninhos em Janeiro e deixo fazer 2 ou 3 criações.

9 - quanto à escolha dos teus reprodutores, quais as características que tens mais em conta?Tenho em atenção o porte, o desenho e dou uma grande importância à poupa, pois para mim é das características mais relevantes.Tenho especial atenção nas mutações Ino e Fallow à calvície, evitando sempre caturras com calvície para reprodutores.

10- em que casos recorres à consanguinidade para formar os teus casais?
Por norma não o faço.

11 - nesta espécie, quais os perigos ou detalhes que requerem mais atenção durante a época de criação?
As caturras são por norma bons reprodutores e pais dedicados. É claro que algumas mutações são mais difíceis de criar do que outras, não por culpa do casal reprodutor mas sim pela fragilidade das crias dessas mutações, mas não há nada de especial a realçar neste campo, basta verificar os ninhos e ter em atenção o comportamento dos machos e fêmeas.

12 - que mutações ou linhas, te agradam mais trabalhar? Porquê?
A mutação que mais gosto é sem dúvida a Fallow e a combinação com Face Branca, pois sempre gostei de aves de olhos vermelhos, mas queria algo mais desafiante do que os comuns Inos. Encontrei este desafio nos fallow que são pouco comuns em Portugal, mas há ainda outra mutação que me atrai bastante, a Edged, principalmente em DF.

13 - por norma deixas ficar o ninho todo o ano, ou retiras após a criação?
Retiro os ninhos após a 3ª criação. Isto acontece por norma em Julho/Agosto e só volto a colocar no ano seguinte em Janeiro.

14 - fora da época de criação, tens por hábito aloja-las em voadeiras mais espaçosas, ou permanecem todo o tempo na gaiola de criação?
Como crio em viveiros exteriores relativamente espaçosos, permanecem o ano inteiro neles.

15 - tens por hábito apresentá-los nas exposições?
Este ano vai ser a minha estreia numa exposição, mas é um dos meus objectivos como criador ter caturras de cada vez maior qualidade para participar em exposições.

16 - qual o teu método de preparação para que as aves se encontrem no seu melhor, durante uma exposição?
Não tenho nenhum método de preparação. O que faço é borrifar as caturras com água nos dias de sol e algum tempo antes da exposição colocá-las em gaiolas de dimensões semelhantes às das exposições, para que estas se habituem às mesmas.

17 - tens alguma história, alegria ou tristeza, ou mesmo algum episódio caricato que possas partilhar, decorrente da tua criação desta espécie?
Bem, não tenho assim nenhuma grande história, mas posso contar uma situação que se passou quando eu iniciei a criação de caturras em 2006 e que foi decisiva na minha opção de criar caturras. Na altura eu não tinha o conhecimento que tenho agora sobre mutações nesta espécie e conhecia pouco mais do que as ancestrais e lutinas (como a maioria das pessoas). Então, qual não é o meu espanto quando vou a uma loja de animais e vejo um casal de caturras de Face Branca! Fiquei logo encantado, pois nunca tinha visto tal mutação ao vivo, só me apetecia comprá-las logo, mas o preço para mim na altura não era nada acessível. Então propus à dona da loja trocar o casal face branca por um casal de caturras ancestrais e a senhora aceitou.No dia seguinte, ainda antes da loja abrir, já lá estava eu com o casal para fazer a troca, não fosse alguém comprá-las antes!Este mesmo casal na sua 1ª ninhada tirou 2 crias, uma FB e outra FB Opalina. Quando vi a Opalina nem queria acreditar! Na 2ª ninhada tirou 4 crias, 3 FB e 1 FB Canela! Já viram a minha sorte?Este casal foi responsável por eu me interessar por mutações e por querer saber mais sobre as mesmas, e se hoje tenho esta grande admiração pelas caturras é graças a ele, que me veio parar as mãos num golpe de sorte. ;)
o meu sincero agradecimento ao Tiago Neves pelo seu contributo.

1 comentário:

Samuel disse...

bom trabalho, e boa escolha mais uma vez...
continua assim!
cumprs