terça-feira, 22 de setembro de 2009

criando... bourkes

boas,
desta vez calhou ao amigo Tony Nunes, responder às minhas perguntas acerca de uma espécie de que gosto particularmente, e que ambiciono um dia voltar a ter - os neopsephotus bourkii.
É um criador que se dedica especialmente aos neophemas, com bom resultados e aves de grande qualidade.
obrigado Tony ;)

Bourke opalino

1 - Há quantos anos te dedicas a esta espécie?

- Já faço criação de Bourkes (Neopsephotus Bourkii) com a dedicação actual vai para 5 anos.

2- Classificas estas aves de resistentes ou frágeis?
- Classifico-as como aves resistentes, principalmente nas cores selvagens e os opalinos (rosa) pois já estão mais ambientados e estabilizados ao nosso clima. As restantes mutações podem ser mais frágeis devido a serem mais recentes e porque a forma como são constituídos os casais reprodutores também influencia pois querem tirar directos, logo mais fracos. Conheço vários criadores de Bourkes que criam ao ar livre.

3 - Na sua opinião, quais as principais qualidades e defeitos que a caracterizam?
- Como qualidades tenho a apontar a forma dócil e calma como os caracteriza, a sociabilidade com outras espécies e pouco ruidosas. Defeitos, nada de importante a não ser que estas aves sempre que se altera ou se muda de ambiente stressa e podem surgir problemas. Muitas das aves importadas acabam por morrer devido a todas as etapas que passam, daí as pessoas terem a ideia concebida que os Bourkes e os Neophemas são aves muito sensíveis e difíceis de manter.

4 - Que medidas de gaiolas e ninhos considera serem razoáveis?
- As medidas das gaiolas de criação que uso pessoalmente têm 1.05 m de comprido, 50 cm de altura e 50 cm de profundidade aproximadamente. Em relação aos ninhos, uso de caixa e exteriores com 35 cm de altura e 25 x 25 cm de base, o furo de acesso tem 7 cm de diâmetro.

5 - Pode-nos dizer no que consiste uma alimentação que considere adequada para estas aves?
- O adequado é para nós, porque por vezes nem sempre resulta com os outros. Eu uso na alimentação alguma variedade, a nível de sementes com boa qualidade uso uma mistura á base de alpista, depois milho painço e milho alvo, algum níger e chia, não uso nenhum tipo de girassol. Quanto a vegetais apenas 1 a 2 vezes por semana, a papa de ovo de é fundamental e indispensável na época de criação, o grit e o osso de choco.

6 - Acha necessário ou aconselhável possibilitar a esta espécie algumas horas de luz solar directa?
- Quando há essa possibilidade nada melhor, embora na minha opinião não seja obrigatório desde que se providencie uma boa e correcta luz artificial.

7 - Utiliza luz artificial?
-Sim uso, com sistema automático de controlo da luminosidade e temporizador de luz, embora nas minhas instalações as aves têm a possibilidade de receberem luz directa.

8 - Em relação à criação, em que altura começa?
-Por norma começo a colocar os ninhos em meados de Março, mas junto os casais 3 semanas antes para se ambientarem um ao outro.

9 - Quanto à escolha dos seus reprodutores, quais as características que tem mais em conta?
-A minha base é sempre tentar juntar as aves com maior porte, melhores marcações e intensidade de cor para que se aproximem ao máximo do ideal da espécie requisitado para expor, isso significa qualidade.

10- Em que casos recorre à consanguinidade para formar os seus casais?
- Por norma não o faço e evito ao máximo, embora por vezes sejamos obrigados a fazer para fixar alguma característica importante para futuras criações.

11 - Nesta espécie, quais os perigos ou detalhes que requerem mais atenção durante a época de criação?
- Não há nada de muito importante além do requerido normalmente em todas as aves na época de criação, como vigiar os ninhos o comportamento tanto dos machos como das fêmeas durante a postura e depois na alimentação das crias. Os Bourkes são bons criadores e bons progenitores, embora que algumas mutações sejam mais difíceis de criar em quantidade, pois estas exigem mais alguma experiencia e sabedoria, claro que a sorte tem de estar sempre presente.

Bourke rubino


12 - Que mutações ou linhas, lhe agradam mais trabalhar? Porquê?
- A linha dos opalinos é a minha favorita. Trabalho o opalino (rosa) e também o rubino, neste momento estou a tentar melhorar ainda mais o porte das aves e as retirar certas marcações provenientes dos ancestrais que são penalizadas a nível de exposição e intensificar mais a cor do rosa. Os lutinos também fazem parte das preferências e estou a aperfeiçoar o manto mantendo-o todo amarelo sem marcações rosa.


13 - Por norma deixa ficar o ninho todo o ano, ou retira após a criação?
-Tiro sempre o ninho no final da criação, após a 2ª ou 3ª postura.


14 - Fora da época de criação, tem por hábito aloja-las em voadeiras mais espaçosas, ou permanecem todo o tempo na gaiola de criação?

-Quando a época termina passo todas as aves para voadeiras com 4 m de comprido por 90 cm de largura, separando os machos das fêmeas. Aí repousam, mudam a pena e fazem a preparação para a nova época. As voadeiras têm banheiras de água onde esta se muda automaticamente 3 vezes ao dia.


15 - Tem por hábito apresentá-los nas exposições?
- Sim tenho. É o meu objectivo ter sempre boas aves com qualidade a nível de exposição.


16 - Qual o seu método de preparação para que as aves se encontrem no seu melhor, durante uma exposição?
- Não faço nada de especial a nível de preparação que seja diferente em relação às outras que estão em repouso e a mudar. Apenas tenho o cuidado de escolher aquelas aves que a meu ver são as melhores e se apresentam dentro do ideal da espécie, depois 1 mês antes retiro-as das voadeiras e ponho-as em gaiolas individuais para que se habituem ao espaço mais reduzido.


17 - Tem alguma história, alegria ou tristeza, ou mesmo algum episódio caricato que possa partilhar, decorrente da sua criação desta espécie?
- Tenho uma que me marcou pela positiva e foi o seguinte; estava em final da época de 2006 e um casal de Bourke macho rubino e fêmea opalina tinham 5 crias já com 12 dias, quando a fêmea morreu, vendo eu que o macho não alimentava as crias e com poucas soluções, decidi transferir as crias para o ninho de um casal de Bourkes opalinos que tinham 4 crias nascidas á 3 dias na esperança que conseguissem vingar algumas.


O casal de heróis

No final desta épica aventura a nível de criação e azafama este casal conseguiu criar as 9 aves mesmo com uma diferença de idade considerável. Que grande exemplo animal para muitos humanos.

o meu sincero agradecimento ao Tony Nunes pelo seu contributo.

http://www.psitacideos.com.pt/home.html

3 comentários:

Samuel disse...

parabens por mais esta entrevista!
cá está uma especie que ainda nao sabia quase nada...
cumprs e continua assim.

carlos gesteira disse...

parabéns mais um excelente trabalho . abarço

André Costa disse...

Posso dizer que o Tony tem excelentes aves, das quais eu ja tenho algumas e já aprendi algumas coisas com ele, um grande criador e amigo apesar da distancia sempre que podemos estamos junto para falar de aves e trocar impressões e ele sabe do que fala. Abraço